sexta-feira, 20 de março de 2009

RIO DE JANO


Durante sua visita ao Rio de Janeiro entre outubro e dezembro de 2000, o desenhista francês Jano colocou a capital carioca no papel para seu novo livro de ilustrações, ou “caderno de viagem”, como é chamado na Europa. A equipe dos diretores Anna Azevedo, Eduardo Souza Lima e Renata Baldi acompanhou o artista em suas andanças por diversos pontos da cidade, a fim de captar sua inspiração, sua técnica e, principalmente, seu olhar sobre a vida carioca.

Rio de Jano é o documentário que resultou disso e funciona para dois públicos. Para os cariocas, deve ser no mínimo interessante ter acesso à visão de alguém de fora sobre a cultura, os costumes, a população e a arquitetura da cidade. Já para quem não conhece o Rio de Janeiro, ou o conhece apenas pela TV, o filme serve como uma espécie de “guia turístico”, mas que apresenta locais que geralmente não recebem o foco da mídia.

Os cartões postais são mostrados também, mas sob uma perspectiva diferente: a Cidade Maravilhosa de Jano inclui os personagens que a habitam. Não é só o Cristo Redentor, só o Pão de Açúcar, só Copacabana que estão em seus desenhos. As pessoas que vivem e transitam por esses lugares também são retratadas por ele.

Mas talvez o mais importante, em especial para o público que nunca teve acesso ao trabalho de Jano, seja o bom resumo que o documentário faz de sua obra. Em um breve panorama de sua carreira, sabemos como funciona seu método, percebemos a presença forte da ironia nas situações cotidianas que ele retrata e, o mais curioso, porque ele opta por utilizar animais para representar as pessoas (afinal, se formos parar para pensar, os personagens mais famosos de Walt Disney também sempre se comportaram como humanos).

Porém, o documentário falha ao omitir do espectador a identidade das pessoas que acompanham Jano. Tome como exemplo a namorada do desenhista, que aparece ao seu lado durante quase todo o filme, mas só sabemos quem ela é no material extra do DVD. O mesmo vale para Zuenir Ventura, que aparece como figurante em uma ou duas cenas, mas não sabemos exatamente porque ele está ali. O único depoimento que temos é o de um sujeito que cresceu na Suíça e passou a infância lendo os quadrinhos que Jano desenhava. Os dois se encontraram por acaso, aparentemente, mas a conversa só recompensa o espectador quando eles são convidados pelo dono da caminhonete em que estavam sentados a fazerem um “passeio”. Um momento hilário.

Depois de assistir a Rio de Jano, dá vontade de folhear o livro com mais calma e observar as nuanças dos desenhos e todos os seus detalhes – que são muitos. Seria um acompanhamento valioso para o DVD, ou vice-versa. Mas mesmo que você não tenha o livro em mãos, no site oficial dá para conhecer as ilustrações um pouco mais de perto.

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