terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A menina e o cão



Sentei-me ao lado de um poste.
Um cão se aproximou.
Não dava pra saber quem estava mais destruído, se ele por ter marcas das possíveis doenças em todo corpo, ou eu, por ser uma tola e deixar meu coração na sofreguice.
Sim, porque escolhi sofrer, o cão não.

Deixei-me levar pelo sorriso diplomático, pelas carícias desejadas, pelo conforto de braços acolhedores.

Será que há cura pra mim, assim como para o pobre cão? Ou todos vamos morrer? Morrer estando vivo.
Por que quem o vê assim, nesse estado, não dá a mínima para o coitado;
o apedrejam, o expulsam, o destrói com as inúmeras negações.

Mas ele não desiste, começa a me lamber, pedindo só um pouco de atenção.
Existem desgraças maiores que a minha.


;*F